terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Turcos Seldjúcidas

Os turcos Seldjúcidas eram uma tribo de nômades da Ásia Central conduzidos por um homem chamado Seljuk que se instalaram perto de Bucara (agora no Uzbequistão) no final dos anos 900.




Os Seldjúcidas, converteram-se ao islamismo no século X. Sob o comando de Togrul Beg, neto de Seljuk, conquistaram Nixapur em 1038. Em 1040, venceram os Ghaznévidas, em Dandanaqan. Ispahan caiu também em seu poder, passando a ser a capital. Penetrou pelo sul no Iraque, cuja capital, Bagdá, ocupou em 1055, derrotando os Buwayhidas e se fez reconhecer como sultão e protetor do califa.

O líder dos Seldjúcidas, Toghrul-Beg, então, foi nomeado pelo Califa de Bagdá como Sultão, o que correspondia a uma separação definitiva entre os poderes temporal e religioso, ficando o primeiro a cargo do Sultão e o segundo nas mãos do Califa.

Os seus sucessores, Alp Arslan e Malik Shah, prosseguirão a sua obra, estendendo largamente os seus domínios para a Síria, Palestina e Anatólia.

Por serem Sunitas, os Seldjúcidas combateram o Xiismo, que havia se tornado dominante no período de governo dos Buwayhidas.




Seu feito mais importante foi, sem dúvida em 1071, quando Alp Arslan, herdeiro de Toghrul-Beg, esmaga os exércitos bizantinos na Batalha de Manzikert.

Em 1071, Alp Arslan conduziu os seus homens para a Armênia, onde foi atacado por um exército bizantino sob o comando do imperador Romano IV Diógenes, o que se provou fatal para os Bizantinos. Os turcos fingiram fugir, cercaram os inimigos e derrotaram-nos, capturando o imperador que acabou por ser libertado com pagamento de resgate.

Esta batalha, travada na Ásia Menor, contra o Império Bizantino, constituiu no início do fim deste. Aparentemente, foi apenas uma vitória heróica conquistada pelos Seldjúcidas, que apesar de estarem em franca minoria, lutavam de forma coesa e apaixonada, sobre um grupo enorme, o exército Bizantino, e heterogêneo, formado por mercenários de diversas partes do Império que, na hora do combate, foram incapazes de obedecer corretamente um comando central e, por isso, acabaram fragorosamente derrotados. Porém, foi muito mais do que isso, pois permitiu aos Turcos conquistarem as planícies da Anatólia (ou Ásia Menor), ou seja, a Armênia e a Capadócia, região vital para a sobrevivência do Império Bizantino, uma vez que era de lá que ele retirava a maior parte de seus gêneros agrícolas e também, os cavalos para seus cavaleiros. Sendo assim, sem a Anatólia, o Império Bizantino viu-se obrigado a importar cavalos para poder manter uma cavalaria, o que encarecia este tipo de tropa, essencial nas guerras Medievais, e limitava o exército Bizantino, à partir de 1071, quando ocorreu a batalha, mais e mais a apenas infantarias e tropas de arqueiros, impotentes contra as cavalarias Muçulmanas.

É importante notar a atuação dos Sultões Seldjúcidas, em especial Alp Arslan, filho do primeiro Sultão. Eles, com efeito, sediados na cidade de Isaphan (próxima a Bagda), recriaram o Império Islâmico, porém, agora em três frentes diferentes e com um caráter primordialmente Turco. As três frentes de expansão Seldjúcida eram respectivamente: a Anatólia; a Síria e o Irã.

Em 1084, os Turcos conquistam Antioquia. A Síria foi reconquistada aos Emires independentes que lá haviam se instalado, no Irã, ocorreu o mesmo e a Anatólia, por sua vez, depois da Batalha de Manzikert, foi pouco a pouco sendo ocupada pelos Seldjúcidas até se tornar realmente o novo Turquestão (há que se notar que a Turquia de hoje nada mais é do que a própria Anatólia, ou Ásia Menor).

A derrota do Basileu Romano IV na Batalha de Manzikert provocou profundo abalo no Império Bizantino. Inicialmente, foi a dinastia dos Ducas (a qual o Basileu pertencia) que caiu, em seu lugar entrou Nicéforo III, que percebendo a situação delicada em que se encontrava, começou a pensar em uma reaproximação com o ocidente (digo reaproximação porque desde 1053, com o Cisma do Oriente (separação entre a Igreja Católica, com sede em Roma, e a Igreja Cristã Ortodoxa, com sede em Constantinopla), que as relações entre Constantinopla e o resto da Europa estavam estremecidas). Esta reaproximação foi executada, no entanto, quando Aleixo I, o Basileu que assumiu, em 1081, requisitou ao Papa Urbano II o envio de uma força militar de apoio na guerra contra os Muçulmanos. O Papa aceitou o pedido (principalmente porque sua condição, a reunificação das duas Igrejas, foi aceita pelo Basileu) e, em 1095, no Concílio de Clermont, pregou a Cruzada com a desculpa de reconquistar Jerusalém, que se via nas mãos dos Muçulmanos.

A Primeira Cruzada, realizada entre 1096 e 1099, foi realizada, portanto, com o intuito de auxiliar o Império Bizantino na medida em que abria uma nova frente de combate contra os Turcos. Porém, ela só obteve sucesso (reconquistou Jerusalém, Belém, Nazaré e outras cidades, além de estabelecer Reinos Cristãos na Palestina) devido a fragmentação política dos Seldjúcidas decorrente da morte do Sultão Malik-Chah, em 1095. Este dividiu seu Império em três partes: a Síria, a Anatólia e a Pérsia, ficando todas independentes umas das outras, constituindo as duas últimas, Sultanatos próprios e a primeira estando dividida em dois Reinos.

Os Seldjúcidas entraram em decadência à medida que mergulharam na descentralização e sua queda foi precipitada quando, em 1258, os Mongóis, liderados por Hulagu, tomaram Bagda e depuseram o último Califa Abássida, al-Mustasim. Os reides Mongóis, que se haviam iniciado no final do século XII, destruíram o Sultanato da Pérsia (o Irã) e depois o centro do antigo Império. Somente a Anatólia permaneceu sobre a autoridade Turca, porém não apenas Seldjúcida.

Fontes: klepsidra.net / Infopédia / Libanoshow.com / Wikipédia


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► O Poder Seldjúcida

► Império Seljúcida

► Sultanato de Rum

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